Texto originalmente publicado em 09 de maio de 2017
A histeria em torno da foto em que dois Presidentes da maior organização de estudantes da América Latina sorriem e se abraçam é agitada por forças políticas que não terão na história desse país papel para além do marginal.
À esquerda e à direita, graças a essa foto estamos assistindo desde ontem a uma exibição didática dos motivos pelos quais a cultura política brasileira é de raquítico teor democrático. A UNE deve a José Serra gratidão pela bravura com que liderou a entidade no momento mais sombrio da nossa história recente. A UNE deve a Carina Vitral gratidão pela coragem de não passar borracha no momento mais importante da história da entidade.
O que os dois fizeram, fazem e farão com o prestígio público a que a entidade os catapultou é que pode e deve motivar acalourados debates entre cores partidárias.
Vivemos uma época doente em que o like é melhor do que o voto e o grito é melhor do que a retórica. Para quem gosta de política, hoje é muito desconcertante andar e falar na esfera pública. Haja saco e coragem.
Mas daí eu paro, respiro e penso no dia em que um velho estudante chamado José Serra, depois de abonar minha ficha de filiação a um partido político (que coisa antiquada!), abaixou o óculos e me lembrou da lição do velho Gramsci: “que o pessimismo da inteligência não embarace o otimismo da vontade.”
Dias mais higiênicos virão.
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